Um recipiente com selo de radioatividade em meio ao lixo deixou parte da Quadra 2 do Sudoeste Econômico isolada durante a manhã de ontem (10/09). O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil foram acionados por volta das 9h e cercaram a área até a chegada de um técnico da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). Apesar de a etiqueta indicar que havia material radioativo, o iodeto de sódio I-131, a cápsula do tamanho de uma lata de refrigerante estava vazia e não oferecia nenhum risco à população. O trecho foi liberado após as 13h.

O pesquisador da Cnen Adriano Lobo de Souza explicou que o cilindro de chumbo, usado para transportar material radioativo, será levado até o órgão para avaliação. “Esse produto está sob a custódia de um órgão privado e vamos verificar por que o recipiente veio parar aqui. Por meio do número do lote identificaremos o responsável”, disse. De acordo com o pesquisador, essa cápsula, com capacidade para 150ml, deveria ter sido devolvida para a Cnen após o uso. Segundo ele, não há no país um depósito de rejeitos radioativos e a comissão deve pegá-los de volta para dar uma destinação.

Francisco Tomás de Aquino, zelador de um dos prédios da Quadra 2, foi o primeiro a ver o recipiente. Ele andava pela rua quando chutou a cápsula. “Parecia uma vela de filtro, só que muito pesada. Eu peguei, não sabia o que era e coloquei de volta entre os sacos de lixo”, contou. O pesquisador do Cnen garantiu que Francisco não teve contato com radiação e não tem com o que se preocupar. A exposição ou contaminação com o iodeto de sódio I-131 pode provocar mal-estar, queimaduras, hemorragias e até o desenvolvimento de câncer.

A presença dos militares e o isolamento da área chamaram a atenção dos moradores. Apesar da curiosidade, não houve tumulto. Alguns chegavam perto para saber o que estava acontecendo, mas logo se dispersavam. A advogada Jussara Costa Melo, 48 anos, moradora do Sudoeste Econômico, saiu para caminhar pela manhã e viu toda a movimentação em frente ao prédio onde mora. “Fiquei preocupada, mas achei bastante adequada a ação dos bombeiros. Isso me levou a pensar na política nacional de resíduos sólidos”, comentou.


Medicina nuclear

Os radioisótopos são usados pela medicina nuclear para diagnósticos e terapias. O iodo-131 é um deles. Ele emite partícula beta, radiação gama e tem meia-vida de oito dias. Pode ser usado na radioterapia e no diagnóstico da tireoide.