Para oncologista, incidência reflete a condição social ligada à pobreza, na qual o tabagismo e alcoolismo estão inseridos

Na quinta-feira, 24, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), do Ministério da Saúde, divulgou a estimativa para o ano de 2012 sobre a incidência de câncer no Brasil. O estudo serve para orientar as políticas públicas para o setor e aponta uma estimativa de 520 mil casos novos da doença para o próximo ano. As estimativas destacam os tipos mais incidentes nas regiões brasileiras. Desconsiderando o câncer de pele, tumor com baixa letalidade, entre o sexo masculino, o câncer de próstata permanecerá como o mais comum, seguido pelo de pulmão, cólon e reto, estômago, cavidade oral, laringe e bexiga. Já nas mulheres, a glândula tireoide, de modo inédito, aparece no quinto lugar geral, atrás do câncer de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto. Na sequência, vêm os tumores de pulmão, estômago e ovário.

REGIÃO
Na região, o câncer com maior predominância em mulheres é o de colo do útero e nos homens a maior incidência é de câncer de próstata e de estômago. De acordo com o médico oncologista Carlos Ferreira, responsável pelo setor de oncologia do Hospital São Braz de Porto União, que atende quatro mil pacientes do sul do Paraná e Planalto Norte de Santa Catarina, o que mais preocupa na região é a grande incidência de cânceres de boca. “Esse tipo de câncer reflete a condição social ligada à pobreza, na qual o tabagismo e alcoolismo têm grande prevalência”, explica. Segundo ele, esse é um marcador epidemiológico de hábitos de vida ligado a baixa renda per capita da região. Ferreira comenta ainda que em comparação com a média nacional de eficácia em tratamento, a região tem atingido as metas de tratamento com a marca de 80 óbitos a cada 100 mil habitantes. “O coeficiente de mortalidade semelhante ao nacional”, ressalta.

EM CANOINHAS
Segundo informações da Associação de Pacientes Oncológicos de Canoinhas (Apoca) que conta com mais de 2 mil pacientes cadastrados entre os que estão em acompanhamento e tratamento, 16% dos casos de câncer são de útero, ovários e colo do útero. Atualmente a Apoca tem mais de 300 pacientes em situação ativa, que estão em tratamento e necessitam de algum tipo de auxilio da associação. Segundo a assistente social da associação, Eva Adriana Rosa, o câncer de pele também tem grande incidência na região. “Por ser uma região agrícola e com pessoas de pele clara por terem descendência europeia, a região apresenta muitos quadros de câncer de pele”, conta. Contudo, o tratamento para câncer de pele tende a ser o mais fácil. “Com tratamento cirúrgico e radioterapia já é possível eliminar”, explica. Jane Fontana, que também é assistente social na associação comenta que muitas vezes um simples câncer de pele que não pé tratado atinge outras partes do corpo, por isso é necessário prevenção. Segundo ela, é muito comum que as mulheres descubram o câncer sozinhas, se apalpando e começam o tratamento em fase inicial. “Já os homens acabam descobrindo o câncer mais avançado, pois infelizmente, têm mais preconceitos”, ressalta.

PREVENÇÃO
O médico destaca que a prevenção deve ser feita sempre. Mulheres devem fazer a mamografia anual e o preventivo do colo uterino anual. Para os homens, o exame de próstata, tanto o exame médico e como o de sangue deve ser feito todos os anos. “O protetor solar deve ser utilizado todos os dias como barreira química e para quem trabalha exposto ao sol a barreira de proteção deve ser reforçada com uso de chapéu e camisa de manga longa”, enfatiza.

Por Ellen Colombo