Estudo recente conclui que existem diversas alterações no cérebro antes da perda de memória ou do declínio cognitivo

Um novo estudo concluiu que ocorrem diversas alterações no cérebro, entre cinco a 25 anos antes da doença de Alzheimer começar a manifestar-se. As conclusões do estudo podem ser cruciais no diagnóstico precoce da doença.

O estudo, liderado pelo cientista Randall Bateman e publicado na última semana na revista «The New England Journal of Medicine», mostrou que as alterações podem ser biológicas, como o aumento da quantidade de placas beta-amiloides (que bloqueiam e matam neurônios dos pacientes com demência), ou estruturais, como o encolhimento de algumas regiões do cérebro.

«Conforme vamos aprendendo mais sobre a origem do Alzheimer, mais perto ficamos de novos tratamentos e abordagens de prevenção da doença», diz o coordenador da pesquisa, Randall Bateman.

Os cientistas observaram cerca de 128 pacientes, com familiares portadores de demência, e, por isso, com elevado risco de vir a sofrer da doença de Alzheimer. Os mesmos foram sujeitos a vários exames médicos.

Os cientistas quiseram também analisar o histórico médico da família, a partir do momento em que começaram a apresentar sintomas de Alzheimer. Ou seja, puderam assim calcular com quanto tempo de antecedência surgem as alterações biológicas no cérebro.

«Estas descobertas são emocionantes, pois são as primeiras a confirmar o que já suspeitávamos.Ou seja, que o início da doença ocorre anos antes dos primeiros sinais de declínio cognitivo ou perda de memória», diz Lurie Ryan, diretora de ensaios clínicos do Instituto Nacional do Envelhecimento, nos Estados Unidos da América.

A doença de Alzheimer é uma doença degenerativa, atualmente incurável, mas que possui medicamentos que melhoram a qualidade de vida dos doentes.

Estima-se que existam cerca de 153 mil pessoas com demência, em Portugal, sendo que 90 mil são portadores da doença de Alzheimer, de acordo com a associação Alzheimer Portugal.